Era uma pessoa boa, honesta, trabalhadora, mas tudo o que tentava fazer parecia sempre esbarrar em uma entidade suprema que se chamava “os outros”. Às vezes, a pessoa limitada chamava essa entidade maligna, veladamente, de “eles”.
Essa entidade a assombrava dia e noite! Acordava pela manhã para trabalhar, mas “eles” sempre a atrapalhavam ou impediam de alguma forma. “Eles” nunca a ajudavam, ao contrario, só ajudavam aos “outros” que eram parte da mesma trupe: A trupe “dos que têm o poder”.
Essa pessoa impossibilitada tentava progredir na vida, mas, como todo mundo sabe, nada se pode fazer contra os poderosos “eles”.
Certa manhã ouviu dois de seus funcionários conversando: “Eles não querem saber de nada, só deles mesmos! Só querem nos impossibilitar! São todos iguais!” – diziam os funcionários com revolta.
A pessoa impossibilitada ficou feliz por saber que “alguém” percebia também o poder “deles” e o quanto “eles” eram maus e os dominavam a todos, os impediam de tudo, impossibilitavam o crescimento de “todo mundo”!
Chegou sorridente perto dos funcionários, mas para sua surpresa foi recebida com a seguinte frase: “Chega! “Nós” nos demitimos, pois “vocês” só querem nos impossibilitar e nos impedir de crescer!”
E viu os dois saírem pisando forte porta a fora, pensando estarem cheios de razão e orgulhosos por julgarem ter tomado uma atitude contra “eles”.
E a pessoa impossibilitada percebeu atônita que sempre foi vista como fazendo parte da trupe “deles” através do ponto de vista de “alguns”.
“Mas como pode ser isso?” – pensou – “Eu é quem sempre fui impossibilitado por “eles”. E se eu sei que não sou “eles”, quem são eles então?
E finalmente entendeu que nunca houve na verdade a tal entidade monstruosa chamada “eles”! Entendeu enfim, que “eles” dependiam do julgamento limitado, do ponto de vista de quem “os” julgava.
Essa pessoa limitada sempre foi seu único inimigo, seu único opressor, seu próprio algoz.
Eles não existem!!!! Nunca existiram, pois “eles” são na verdade, “nós” mesmos!
Pense nisso! Ninguém te limita! Com carinho,
Vera Calvet